segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Mande notícias do mundo de lá


Ela não mandou notícias! Ela chegou do outro lado da poça e mandou ver. Era 23 de novembro de 2013 (só eu para levar exatos dois meses para escrever um post) e lá estava a filha da Pimentinha na praia de Icaraí. Chovia! Em alguns momentos chovia muito. Mas isso não impediu o show e a empolgação do público. Maria Rita começou com "Agora só falta você" praticamente convocando quem ainda não estava por perto. A apresentação foi bem para cima, como parece ser o estilo da cantora (digo "parece" porque foi minha primeira vez num show dela). No repertório canções mais do que conhecidas do público de hoje e dos velhos tempos. Clássicos do samba e da MPB (Peraí! Mas samba também não pode ser classificado como MPB? Ok! Meu post sobre o assunto das classificações vai nessa direção. De qualquer forma vamos deixar assim, nem que seja só para enfatizar).

Sabe aquelas músicas que você ouve desde sempre? Desde que se considera como gente? Talvez até antes disso? Então. Ouvi muito nesse show. Músicas que são atemporais, que se perpetuaram pelo tempo e que continuam agradando ao público. Aliás, público que tinha todas as letras na ponta da língua.

Além de músicas atemporais, vale o destaque para as músicas que mesmo sendo antigas continuam atuais e nos fazem sentir até um pesar por isso. Aquelas letras de cunho social que nos fazem lembrar que depois de tanta coisa que passamos, poucas mudanças aconteceram. E cantadas por Maria Rita, com toda a sua performance, ganham ainda mais vigor. Afinal, show é espetáculo, é sensorialidade (visual, auditiva, tátil...), é uma experiência corpórea e extracorpórea.

Segue um trecho para quem quiser conferir. Música de Gonzaguinha - "É":



Além dessas pérolas, também fomos brindados com um "momento homenagem". Sim! Ela cantou Elis Regina. Cheguei a ouvir reclamações de amigos meus que não gostam da cantora, argumentando que ela vive à sombra do sucesso da mãe e que sempre se escora nas músicas da Elis. Uma pena que pensem assim!

Na minha opinião não há problema. Foi uma bonita homenagem, com músicas que todo mundo gostou de ouvir e cantar junto. Num daqueles momentos em que vida e arte se misturam, ela explicou a razão da homenagem e não conseguiu conter a emoção. Foi bonito ver ao vivo e consegui encontrar alguém disponível na internet. Algumas pessoas podem achar piegas, mas música envolve sentimento, mesmo quando a gente acha que não. Assistam o vídeo abaixo e façam suas próprias avaliações. Na minha opinião dá gosto de ver e ouvir.




Para fechar esse post um comentário que não posso deixar de fazer. Não diz respeito ao universo musical em si, mas merece o apontamento, nem que seja para a gente se divertir um pouco. Uma das coisas que gostei bastante no show foi o figurino. Minha surpresa veio com uma descoberta que fiz quando buscava vídeos para ilustrar esse post. Pasmem! O figurino do show de Niterói era muito parecido com o que foi usado na apresentação no Palco Sunset, no Rock in Rio 2013. Reciclagem?

RIR 2013




Toca + Lulu

O que falar sobre Lulu Santos? Ok! Sou suspeita. Gosto muito das músicas dele. E mesmo assim, nunca tinha ido a um show. Finalmente chegou o grande dia: 18/11/2013. Era um show fechado, numa casa pequena (a Miranda, na Lagoa). O público era composto por convidados, que decepcionaram no quesito animação. Ô dificuldade p/ aquelas pessoas participarem do show. Economizavam até nas palmas. Não entendo, não!
 
Lulu entrou no palco meio atravessado, fez umas brincadeiras sem graça que deixaram o show um pouco tenso no começo. Interessante notar como o clima fica estranho. Talvez numa casa maior, num show maior isso não fique tão perceptível, mas ali era fácil notar que havia algo errado. Depois, lá pelo meio, ele se explicou em relação à forma como entrou no palco e, depois disso, as coisas entraram no eixo e a apresentação foi ficando mais leve e divertida.
 
Não sei se o repertório era o mesmo dos shows em geral, já que aquele era a gravação de um programa de rádio (o Palco MPB, da Rádio MPB). Seja como for, o professor do "The Voice Brasil" investiu nos clássicos e apresentou algumas novidades. Destaque para "O último romântico" cantado em coro empolgado pela plateia, que nessa hora também já estava mais solta, e "Assim caminha a humanidade", o velho tema de abertura da novelinha Malhação, que dificilmente encontramos alguém que não conheça.
 
Dentre as novidades vale ressaltar o trabalho mais recente do cantor, suas releituras de sucessos de Roberto Carlos. Canções mais do que conhecidas ganharam uma cara nova e, vale destacar, uma boa cara nova. Ele deu um toque diferente, mais leve, mais suave, com um ar mais agradável. Ficou bom de ouvir e de cantar junto. Confiram:
 
 


Deu para perceber que mais pessoas além de mim gostaram dessa nova versão, não é? Se até aquele público meio apático gostou, fico imaginando como deve ser esse show diante de uma plateia maior e mais animada. Espero voltar em breve a um show de Lulu Santos e, de preferência num espaço aberto e com um público mais animado.

Aquele abraço Fundição Progresso: de Gil a Nando


Casa cheia, público animado e ansioso. Pela primeira vez a Fundição Progresso recebia Gilberto Gil. E, para completar, logo em seguida ainda tinha Nando Reis. Grande evento promovido pela Rádio MPB FM, duas gerações da Música Popular Brasileira, dois artistas importantes no nosso cenário musical, uma das casas mais conhecidas desse cenário e um público ansioso pelo que estava por vir. Era uma noite memorável.

O que esperar de Gil e Nando? Ora, nada menos do que aquilo que sabem fazer. E fizeram. Nada de muito novo. As canções de sempre e que nunca fogem à baila. "Estranho seria se não..." as cantassem. Há quem possa reclamar dizendo que os "montros sagrados" da MPB, como é o caso do Gil, não se renovam. De fato, uma setlist conhecida, muito conhecida:

01 - Realce
02 - Tempo Rei
03 - A novidade
04 - Não chore mais
05 - Is this love
06 - Esperando na janela
07 - Palco
08 - Vamos fugir
09 - Three little birds
10 - Drão
11 - Andar com fé
12 - Barracos
13 - Toda menina
14 - Aquele abraço
15 - Back in Bahia

Mas quantos de nós vão a um show de Gilberto Gil querendo ver tudo novo? Quantos vão dispostos a não encontrar os "clássicos" da carreira, seja de Gil, seja de Nando, seja de quem for? E que graça vemos num show de músicos com anos de carreira se não os ouvimos cantarem ao vivo aquilo que já estamos cansados de ouvir em nossos "radinhos"? Assumamos, é isso mesmo que queremos. O público na Fundição ansiava por ouvir aquelas mesmas músicas de sempre. Sem dúvida, muitos ali esperavam por essa ou aquela canção. E foi exatamente isso que tiveram.

A parte que coube a Gilberto Gil empolgou e levantou a platéia, mas percebia-se que a grande maioria ali estava mesmo era aguardando a entrada de Nando Reis. Talvez pelo perfil da casa, talvez pelo fato de Gil nunca ter tocado lá, notava-se que grande parte do público, talvez sua maioria, estava a espera de Nando Reis. Curioso perceber um movimento inverso ao esperado: ao invés do artista mais antigo trazer público para o mais novo, o mais novo acabou trazendo para o mais antigo. Será que Nando apadrinhou Gil, ao menos nessa ocasião? Brincadeiras à parte, o dueto que fizeram merece ser compartilhado.



Se Gil apostou nos grandes sucessos, Nando não fez diferente. Sua setlist também estava repleta das canções que o público desejava ouvir. Das mais famosas até algumas mais novas, mas não menos cantadas pelos fãs, ele levou uma Fundição lotada pelos caminhos de suas letras repletas de conteúdo e poesia.

 
Setlist do show do Nando Reis via Instagram da Rádio MPB

Um show marcante e vibrante, para uma platéia empolgada que soube aproveitar cada segundo. Um espetáculo que renovou e atualizou classicos sucessos dos dois artistas. É! Talvez uma boa forma de resumir seja com parte de uma das músicas cantadas por Gil: "Subo nesse palco, minha alma cheira a talco como bumbum de bebê". Porque mesmo retomando o de sempre, cada show é uma experiência nova e única.